ida na Suíça
Ela é morena, muito baixinha, faz as sobrancelhas bem arqueadas com um lápis preto e cuida com esmero das longuíssimas unhas decoradas com glitter. Veio pra Suíça há vinte e cinco anos, fala pouco o alemão mas se vira melhor do que eu. Saiu do interior do Pará, onde já praticava a profissão mais antiga do mundo, em busca de marido. É divertida, engraçada, amorosa e por isso é sempre um prazer encontrá-la pelo caminho.
– Oi, meniiiiiiiiina! Vamos fazer comprinhas, é? Comprinhas são a melhor coisa que tem fora os filhos, né?
– É! Já fiz e já estou voltando pra casa.
– Vai filha, vai fazer comidinha pro seu marido.
Eu fui. Segui para um lado, ela para outro. Dez segundo depois ela gritou: Aaaaaaaaiiiiii!
– O que foi?
– Menina! Tu cortou o cabelo, é?
– Já faz um ano, você não tinha visto?
– Eu não! De frente nem parece
– É que já cresceu, na frente tá compridinho.
– Pois então deixe atrás feito na frente, deixa esse cabelo crescer que é isso que eles gostam na gente, as brasileiras.
– Ah! Não tenho mais saco nem idade pra cuidar de cabelão. A cara tá ficando velha, não combina mais.
– Qué iiiiiiisso? Homem não liga pra cara não! Gosta é de ver a mulher de costas com o cabelão tocando na bunda, vai por mim, deixa seu cabelo crescer bem comprido de novo.
Ela piscou e foi fazer comprinhas.
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