Schänis (SG) Vorderberg
O Teatro da Bunte
25 SepDurante toda essa semana eu quase não coloquei os pés pra fora de casa. Tento escrever um livro. Nunca pensei que desse tanto trabalho. Tem dias que escrevo por cinco horas seguidas e só preencho três páginas. Parece que isso não vai terminar nunca. Em outros, fiquei mais de oito horas pesquisando um certo tema dentro de um outro tema. Li não sei quantas teses universitárias, documentos e blogs e sites sobre o assunto.
Ao mesmo tempo fiz a besteira de ler dois livros enquanto escrevo. Um é “Os Malaquias” da Andrea del Fuego. O livro todo é muito bom. Conta a história, fantástica, de três órfãos que perderam os pais atingidos por um raio. Não tem aqueles trechos longos e entediantes que quase todos os escritores usam para encher linguiça, para fazer com que o livro vire um livrão. Os trechos que todo mundo tem vontade de pular, e pula mesmo, não existem em “Os Malaquias”. É absolutamente perfeita, ficção real e melancólica, a passagem de uma das personagens pelo banheiro de uma rodoviária. Primeiro romance da escritora, “Os Malaquias” está entre os finalistas do prêmio Jabuti.
O segundo livro que li foi “O Teatro de Sabbath” do Philip Roth. Esse cara é um sacana. Porque ele tira o mérito de muita gente . Como um escritor pode ser tão bom! Cada livro que eu leio dele me faz adorá-lo ainda mais. Mas escrever enquanto lê um Philip Roth é uma cilada total. Porque todas aquelas páginas que escrevi durante dias, fazendo um esforço brutal, simplesmente se diluem e ficam idiotas quando chega a noite e leio uma página de um livro dele.
O que salvou minha escrita foi a academia de ginástica. Essa semana percebi que estava gastando tempo demais na bicicleta. Depois me dei conta que nem era por causa da moça do perfume de baunilha. Minha leitura por ali, essa sim mais do que fantástica, tem nome: Bunte. É lá que eu fiquei sabendo que a “ herdeira do pudim achou o glacê que faltava no seu bolo” na reportagem sobre o casamento de uma moça da família Oetker. No Brasil fica todo mundo tirando sarro das revistas de celebridades mas é que ninguém conhece as revistas de celebridades alemãs. As reportagens sobre os milionários e sobre a realeza européia são maravilhosas. Nas fotos das festas, as socialites são sempre muito loiras, muito altas, muito esticadas e estão sempre sorrindo assustadoramente.
Isso quando não é uma festa temática onde todas as mulheres, inclusive as velhas, estão vestindo um Dirndl, o vestido que era usado na Baviéria e na Austria, por camponesas e empregadass e depois pela aristocracia. Aquele mesmo das garçonetes de festa de cerveja, aquele que esmaga os peitos e vive no imaginário pornográfico de muita gente.
Na falta da versão impressa, dá para acompanhar o mundo com a versão online da Bunte . O destaque de hoje tem uma foto da Jane Fonda e a seguinte legenda: “ Uau! Essa bunda pertence a uma mulher de 73 anos!”.
Clique AQUI para ver um pouquinho da Oktoberfest (video da Bunte).
E AQUI para ver um video sutil da Bunte sobre cirurgias plásticas de celebridades.
As cartas não mentem jamais
17 SepTô confusa. Essa era a novela da Dara, da Jade ou da Maya?
Parte da Europa está em guerra contra os ciganos. Um ano depois de dar um pé na bunda fenomenal em centenas de ciganos que acampavam na França , Sarkozy acaba de proibir – através de um decreto assinado pelo comissario de polícia de Paris – a mendicância na Champs-Elysées. A maioria dos mendigos nas capitais européias é de pessoas do leste europeu. Muitos são ciganos.
Aqui na Suíça, modernos que somos, a mendicância já é proibida há anos em várias cidades.
Ao mesmo tempo, muitas cidades suíças reservam um terreno semi baldio para que os ciganos possam montar acampamento quando de passagem. Poucas semanas atrás, o terreno desocupado de Wettingen abrigava inúmeros trailers. Entre um trailer e outro dava pra ver cachorros domésticos, varais com roupas secando, uma piscininha de plástico para criança, mesinhas com vasos de flores em cima. Tudo bem arrumado e muito simples, não fossem os carros estacionados. Só carrão.
Além de ver o acampamento, o outro único contato que eu tive com ciganos aqui na Europa foi na piscina pública, mais precisamente na Hallenbad (piscina aquecida e coberta). Eles não eram a cara do Igor e da Dara. Bem pelo contrário. Parecia um arrastão. Eram uns oito ou nove e deviam ter entre 18 e 25 anos. As mulheres usavam lingerie ao invés de biquinis, vermelhonas ou roxas, tudo rendado e muito feio; e os homens estavam de shorts ou de cuecas o quê os fazia andar com as mãos permanentemente cruzadas sobre as genitálias. Eles entravam na fila do escorregador junto com as crianças, uma vez atrás da outra, sem parar. Riam e gritavam como se estivessem num desses brinquedos insuportáveis da Disney. Com tanta felicidade dava pra ver que faltavam muitos dentes em todos. Também faltavam sobrancelhas nas mulheres, eram todas depiladas e redesenhadas com um traço preto bem fininho. E todo mundo tinha tatuagens com cara de coisa caseira. Eles estavam sempre em bando, no escorregador ou nos trampolins, onde ensaiavam um pulo perfeito mas acabavam caindo direto de barriga ou de costas na água.
Quando eles foram embora, tudo voltou a ser calmo e silencioso. E também sem graça. E não, ninguém roubou ninguém.
Apesar de não existir uma história escrita dos ciganos, sabe-se que chegaram na Europa vindos da India. Os ciganos, muitas vezes chamados de rom, falam romani e se subdividem em vários grupos étnicos: os Roma, que são a maioria na Europa, os Sinti que vivem na Alemanha, os Caló da Espanha e os Romnichals no Reino Unido.
Muitos levam uma vida burguesa, sedentária e os filhos frequentam escolas mas mantêm as tradições ciganas. Outros são artistas ou artesãos e vivem viajando. Outros têm moradia fixa mas se deslocam parte do ano. Outros vivem de bicos. Outros são muito pobres e vêm mendigar na Europa rica quando não encontram trabalho na Europa pobre. E claro, existem os que roubam. A Espanha abriga o maior número de ciganos da Europa, seguida pela Romênia e pela França. Mas a Romênia tem o maior número de ciganos pobres.
O mais famoso descendente de ciganos do mundo é Charles Chaplin, filho de músicos , cuja mãe era apenas uma descendente de ciganos . Era nisso que se acreditava até pouco tempo. Cartas descobertas no início do ano afirmam que Chaplin não só era filho de uma cigana como também nasceu e foi criado numa comunidade cigana, na região de West Midlands, na Inglaterra. Cigano ou não, com certeza Chaplin, que viveu e morreu na Suíça, não aprovaria a nova onda de perseguição aos ciganos.
Die Karten lügen nie
Teile Europas sind im Krieg gegen die Zigeuner. Ein Jahr nach dem unglaublichen Rauswurf hunderter Zigeuner aus Frankreich versucht nun Sarkozy, mittels eines unterzeichneten Dekretes des Polizei-Kommissärs von Paris, das Betteln an den Champs-Elysées zu verbieten. Die Mehrzahl der Bettler in den europäischen Hauptstädten kommen aus Osteuropa. Viele davon sind Zigeuner.
Hier in der so modernen Schweiz ist das Betteln in verschiedenen Kantonen schon vor einiger Zeit verboten worden.
Auf der anderen Seite bieten viele schweizer Städte den Fahrenden Plätze an, wo sie für einige Zeit campieren können. Vor ein paar Wochen beherbergte der “Fahrendeplatz” von Wettingen etliche Trailer. Zwischen den Trailern konnte man Hunde und zu zum Trocknen aufgehängte Wäsche entdecken. Ebenso ein Plastikschwimmbecken für Kinder und kleine Tische mit Blumenväschen. Alles sah schön aufgeräumt aus und einfach, wären da nicht auch die Autos gestanden. Alles nur Luxus-Schlitten.
Abgesehen von diesem gesichteten Standplatz war mein einzig anderer Kontakt mit Zigeunern hier in Europa im öffentlichen Schwimmbad, genauer im Hallenbad. Sie sahen nicht gerade aus wie Igor oder Dara. Ganz im Gegenteil. Einem kleinen Gruppenüberfall gleichend kamen acht oder neun Leute zwischen 18 und 25 Jahren ins Schwimmbad. Die Frauen trugen anstatt der Bikinis ihre Lingerie, rote oder lila Spitzenunterwäsche, allerdings ziemlich hässliche. Die Männer trugen Shorts oder Unterhosen, weshalb sie dann auch stets mit gekreuzten Händen vor den Genitalien liefen. Zusammen mit den Kindern standen sie eines nach dem andern Mal in der Kolonne zur Rutschbahn. Sie lachten und schrien, als wären sie auf einer dieser unerträglichen Disney-Bahnen. Bei so viel Fröhlichkeit und Lachen konnte man auch gut sehen, dass allen einige Zähne fehlten. Die Frauen hatten ihre Augenbrauen depiliert und an deren Stelle einen feinen dünnen und schwarzen Strich aufgetragen. Auch besassen alle selbstgefertigte Tätowierungen. Immer blieben sie zusammen, auf der Rutschbahn oder auf dem Sprungbrett, wo sie einen perfekten Sprung ins Wasser übten, aber dann doch immer auf dem Bauch oder Rücken landeten.
Als sie gingen wurde alles wieder ruhig und still. Und auch freudlos. Und nur nebenbei, es wurde niemand bestohlen.
Es gibt keine schriftliche Dokumentation über die Geschichte der Zigeuner, man weiss aber, dass sie ursprünglich von Indien hierher kamen. Unter den Sammelbegriff Zigeuner fallen etliche Ethnien: bekannteste sind hier in Europa die Sinti und die Roma. Die Roma sind europaweit am stärksten vertreten, in Deutschland sind es die Sinti, in Spanien die Caló, in Grossbritanien die Romnichals und in der Schweiz die Jenischen.
Viele sind inzwischen schon an ein bürgerliches Leben gewöhnt, sind sesshaft geworden und die Kinder besuchen die öffentliche Schule. Nur gewisse Traditionen habe sie sich erhalten. Andere sind Artisten oder Handwerker und ziehen umher. Wieder einige haben zwar einen festen Wohnsitz, sind aber Teile des Jahres unterwegs. Einige leben auch von der Hand in den Mund. Wieder andere sind sehr arm und kommen, wenn sie keine Arbeit in den armen europäischen Ländern finde, als Bettler in die reicheren Länder Europas. Und natürlich gibt es auch solche die stehlen. Spanien beherbergt die grösste Anzahl Zigeuner in Europa, gefolgt von Rumänien und Frankreich. Rumänien aber hat den höchsten Anteil an armen Zigeunern.
Der bekannteste aller Zigeunernachkommen ist wohl Charles Chaplin, Kind von Musikereltern, dessen Mutter von Zigeunern abstammt. Mindestens hat man das bis anhin gedacht. Neu entdeckte Briefe bestätigen nun aber nicht nur, dass Chaplin der Sohn einer Zigeunerin war, sondern auch in einer Zigeunergemeinschaft in der Region von West Midlands in England geboren und aufgewachsen ist. Zigeuner oder nicht, auf jeden Fall muss Chaplin die neuste Verfolgungswelle der Zigeuner nicht miterleben.
Arte contemporânea suíça: Thomas Hirschhorn, Pipilotti Rist e Mai-Thu Perret
14 SepThomas Hirschhorn nasceu em Berna, em 1957, foi criado em Davos e estudou Arte em Zürich. Mora desde 1984 em Paris. Trabalha basicamente com instalações:
Thomas Hirschhorn ist 1957 in Bern geboren und in Davos aufgewachsen. Er studierte Kunst in Zürich, lebt und arbeitet seit 1984 in Paris. Er arbeitet hauptsächlich mit Installationen:
Pipilotti Rist é a mais famosa videoartista da Suíça. Nasceu na pequena Grabs, cantão de St. Gallen, em 1962. Estudou em Viena e em Basel. Mora e trabalha na Suíça.
Pipilotti Rist ist die wohl berühmteste Videokünstlerin der Schweiz. Geboren ist sie 1962 im kleinen Grabs SG. Sie studierte in Wien und Basel. Arbeitet und lebt in der Schweiz.
Pipilotti no MoMA:
Um video da artista:
Mai- Thu Perret é a mais novinha e menos famosa dos três. Nasceu em Genebra em 1976. Vive entre Berlin, Nova York e Genebra. Estudou Literatura inglesa em Cambridge e fez vários cursos de Arte nos Estados Unidos. Trabalha com video, pintura, escultura e instalação:
Mai-Thu Perret ist die Jüngste der drei Berühmtheiten. Geboren ist sie im Jahr 1976 in Genf. Sie lebt und arbeitet in Berlin, New York und Genf. Sie hat Englische Literatur in Cambridge studiert und machte diverse Kunstkurse in den USA. Sie arbeitet mit Video, macht Bilder und Installationen:
Com brasileiro não há quem possa
13 SepMinha ultima viagem para o Brasil foi em abril deste ano. A chegada em Cumbica foi desesperadora. A fila para mostrar os passaportes começava já ao sair do avião. Nessas duas horas de caminhar lento, reparei em algumas coisas. Uma delas foi que uma famosa socialite brasileira parecia um travesti. Não fosse a conversa animada com o casal que voltava da China e fazia uma descrição detalhada dos hábitos alimentares e de higiene dos chineses, eu teria certamente me aproximado da socialite bochechuda e puxado conversa. Outra coisa que reparei foi a favelização do aeroporto. Tudo aos pedaços. Uns compensados cobriam um pedaço aqui, um plástico furado colado com fita crepe cobria um pedaço ali, um pedaço de madeira cobria um buraco no chão.
Eu nao podia nem reclamar. Meu assento no vôo da Swiss estava quebrado. Toda vez que eu tentava reclinar a cadeira, o controle remoto do monitor pulava pra fora. A aeromoça suíça sorriu, foi e voltou com um rolo de fita isolante. Enfaixou o braço da cadeira, deu mais um sorrizinho e falou em alemão para mim: ” ficou ótimo, né?”. Duvido que isso acontecesse num vôo Zürich-Berlin, por exemplo.
Enquanto os aeroportos brasileiros precisam urgente de reformas bem feitas e sem que milhões sejam desviados; aqui na minha área está todo mundo preocupado com o elevador público. O nosso elevador Lacerda andou quebrando e deixando muitas pessoas preocupadas. O pequeno elevador, moderno e lindo, como quase toda a arquitetura contemporânea suíça, foi construído em 2007 para ligar a parte de baixo da cidade de Baden com a de cima; o caminho que acompanha o rio com o centro comercial da cidade. A umidade acabou corroendo parte do maquinário por isso o elevador parou no meio do caminho algumas poucas vezes.
A reforma vai ser feita apenas durante a noite para não atrapalhar o vai e vem das duas mil pessoas que costumam usar o elevador diariamente. Simples assim. A reforma é feita antes do negócio deteriorar de vez, com dinheiro totalmente contado e controlado. Talvez essa seja a fórmula. Arrumar antes de apodrecer. Para depois não ter que destruir e reconstruir. Claro, pra isso é necessário dinheiro. Coisa que o Brasil teria de sobra não fosse a malandragem e a corrupção.
Eu quero muito levar minha filha para ver alguns jogos da Copa do Mundo no Brasil. Muito. Mas só de pensar no transporte público, no trânsito e nos aeroportos, dá um desânimo total. Lendo uma reportagem sobre as obras – já paradas por falta de contratação sem licitação de empreiteira – em Cumbica no site oficial da Copa, o Portal 2014, acabei chegando no seguinte texto (já velho mas muito esclarecedor), que vou reproduzir aqui porque melhor eu não faria: “A medida encontrada pela Infraero para minimizar a falta de estrutura é a construção de três módulos de terminais provisórios, os chamados “puxadinhos”. O primeiro será concluído em março e terá capacidade para um milhão de passageiros. O segundo, com previsão de entrega para janeiro de 2012, será para três milhões de pessoas. O último deve ficar pronto no começo de 2013 e terá capacidade para até 2,5 milhões de usuários. O custo total é de R$ 55,7 milhões”.
Se o site lançado pela Fifa fala em “puxadinho” para 3 milhões de pessoas, imaginem como vai estar Cumbica na Copa….Ter que pagar uma pequena fortuna numa passagem de avião para desembarcar numa zona onde nem sempre dá para contar com a companhia de uma jet setter nem de um casal traumatizado com a China; não sei não, acho que não dá. Mas juro, espero muito que dê.
“Es ist schwierig sich mit Brasilianern zu messen”
(aus einer populären Volksmusik aus den 50ern)
Meine letzte Reise nach Brasilien war im April vergangenen Jahres. Die Ankunft in Guarulhos war zum verzweifeln. Die Schlange bis zur Passkontrolle begann schon fast beim Flugzeug. Während zwei Stunden hatte ich dann Zeit mich umzusehen. Dabei entdeckte ich unter anderem eine Person aus der brasilianischen Prominenz, die einem Transvestit glich. Wäre da nicht die spannende Diskussion mit dem Ehepaar gewesen, das gerade aus China zurückkam und die detailliertesten Beschreibungen der dortigen Essgewohnheiten und Hygiene machte, hätte ich mich sicherlich dieser “Gesellschaft der süssen Gesichtsbacken” genähert und versucht ein Gespräch anzufangen. Im Weiteren ist mir die Verwahrlosung des Flughafens aufgefallen. Alles Stückwerk. Sperrholzplatten bedeckten hier ein Stück, ein mit Klebeband befestigter, aber völlig durchlöcherter Plastik bedeckte dort ein Stück, ein Brett bedeckte ein Loch im Boden.
Ich kann nicht einmal reklamieren. Mein Sitz im Flugzeug der Swiss war defekt. Jedes Mal, wenn ich versuchte den Stuhl gerade zu stellen, sprang die Fernbedienung des Monitors aus der Halterung. Die Stewardess lächelte, ging weg und kam mit einer Rolle Klebeband zurück. Hübsch wurde der Arm des Stuhls eingepackt, dann lächelte sie wieder und sagte auf Deutsch zu mir: “sieht schön aus, oder?” Ich bezweifle, ob dergleichen auf dem Flug Zürich-Berlin passieren würde.
Während die brasilianischen Flughäfen dringlichst eine gute Sanierung brauchen, eine bei der nicht wieder zig Millionen Gelder plötzlich verschwinden, sind hier in meiner Region die Leute besorgt über einen öffentliche Promenadenlift. In einer Verankerungskammer in der Stütze des Lifts hat sich Rost gebildet. Der kleine Lift, schön und modern wie fast alle zeitgenössische Architektur, wurde 2007 gebaut und ermöglicht einen schnellen Transfer vom Limmatufer direkt hinauf zum Bahnhofplatz. Seit der Eröffnung hat der Lift schon ein paar Mal gestreikt und nun ist irgendwo Wasser eingedrungen und hat letztlich zum Schaden in der Stütze geführt.
Die Sanierungsarbeiten werden während der Nacht ausgeführt, um den Pendelverkehr von zirka 2000 Leuten pro Tag nicht zu behindern. Nichts Grosses. Die Sanierung wird durchgeführt bevor das Bauwerk einstürzt, alles kontrolliert und mit Kostenvoranschlag. Vielleicht wäre so etwas die Lösung. Zurechtmachen bevor es auseinander fällt. So müsste man auch nicht alles immer wieder abreissen und wieder in gleicher Art neu erstellen. Natürlich braucht es hierfür Geld. Brasilien hätte eigentlich mehr als genug Geld, wäre da nicht die Korruption und die Betrügereien einiger Leute.
Ich würde gerne meine Tochter mit an ein Spiel der Fussball-Weltmeisterschaften in Brasilien nehmen. Sehr gerne sogar. Aber wenn ich an den Öffentlichen Verkehr, den Strassenverkehr und an die Flughafen denke, nimmt mir das die Lust. Ich habe gerade einen Bericht über die Stadien-Baustellen gelesen – Aufträge wurden wieder gestoppt wegen fehlender Ausschreibung – bei Guarulhos steht auf der offiziellen Seite der Copa, genannt Portal 24, folgender Text (bereits veraltet, aber äusserst aufschlussreich), den ich hier zitiere, da ich es nicht besser beschreiben könnte: “Wie von der Infraero vorgeschlagen, braucht es drei provisorische Terminal-Module, zusätzliche Anbauten, um das Fehlen von Infrastruktur zu minimieren. Das erste Modul soll im März 2011 fertiggestellt sein und ist für eine Kapazität von einer Million Personen ausgelegt. Das zweite Modul, geplante Fertigstellung im Januar 2012, ist für drei Millionen Passagiere ausgelegt und das dritte und letzte Modul sollte Anfang des Jahres 2013 kommen und hätte die Kapazität für bis zu 2,5 Millionen Benutzer. Totale Kosten 55,7 Mio R$.”
Wenn nur schon die Seite der Fifa von Anbauten für 1-3 Millionen Personen spricht, so stelle man sich nur einmal vor, wie es dann während der Weltmeisterschaft sein wird… Ein halbes Vermögen ausgeben für einen Flug, um dann irgend in einer Zone auszusteigen, wo man nicht einmal auf die Gesellschaft von Jetsettern oder ein durch eine Chinareise traumatisierten Paar rechnen kann; ich weiss nicht, nein, ich glaube das geht nicht. Aber ich schwöre, ich hoffe, es wird gehen.
Eu quero uma casa no campo…
10 SepA cidade é pequena mas a vista vale a pena:
Geralmente as pessoas optam por morar numa cidade pequena por causa da qualidade de vida. Eu não. Pouco ou nenhum trânsito, tudo perto, poluição zero, conhecer todo mundo… nada disso pra mim é mais atrativo do que não ter que cozinhar e poder pedir comida pelo delivery, contar sempre com taxis passando, poder ficar horas numa livraria gigante e principalmente, ser livre para escolher o que fazer e quando fazer porque as opções existem.
A Suíça é caríssima para morar. Zürich não dava, em Baden não tinhamos muitas opções então acabamos em Wettingen que nem mesmo quer ser uma cidade. Aqui e na Alemanha existe uma diferença entre “cidade” e “vilarejo”. As cidades (Stadt) devem preencher certos requistos de infraestrutura que os vilarejos (Dorf) não precisam. O número de babitantes é importante mas não define uma cidade. Por exemplo: Baden tem 17 mil habitantes e é uma cidade. Wettingen tem quase 18 mil e é um vilarejo. A questão é também política. Os conservadores adoram falar que tudo era sempre melhor em mil novescentos e pouco. Para eles, tudo é muito melhor numa cidadezinha que mantém suas tradições e não aceita nada nem ninguém que seja diferente. Não é por acaso que os Amisch americanos saíram da Suíça.
Para mim o que define um vilarejo é o tédio. Pode ser calmo, seguro (não sei não… Twin Peaks taí como prova…) mas não tem nada pra fazer. Acho que é exatamente por isso que os suíços e os alemães adoram fazer caminhadas. Só sobra andar nos lugares onde o único cinema só funciona à noite, não tem nenhuma livraria e os poucos restaurantes servem comida entre meio dia e duas da tarde.
Eu tinha uma amiga argentina, a Mariana, que organizava saraus literários em espanhol em Wettingen. Mariana era jovem, linda, muito culta e inteligente. Não sei o que ela estava fazendo aqui porque além de todos os outros adjetivos ela parecia rica, muito rica. O evento era aberto e grátis, num café onde ela mesma preparava delícias que eram servidas aos participantes. A idéia era ler e discutir Borges, Cortázar, García Márquez e outros. Na hora eu já pensei, nem se fosse um evento só para mulheres discutirem a obra de Isabel Allende, nem assim, ela teria gente suficiente para esses saraus. Dois anos depois, um dia encontrei a Mariana na rua e ela veio se despedir de mim. Estava indo morar em Zürich. “Para mi basta!” foi tudo o que ela disse.
Muitos dizem que a melhor coisa de morar numa cidadezinha é a proximidade com as pessoas. Todo mundo se conhece (mas isso não é um dos piores defeitos?), todo mundo se ajuda. Será?
Uma outra amiga minha, esta uma brasileira que mora aqui há vinte e cinco anos, tem uma história ótima. Certa vez ela queria fazer uma grande festa em sua casa para comemorar sei lá o quê. Já pensando que poderia incomodar os vizinhos, achou por bem convidar todos. Festa boa, a rua inteira compareceu em peso. Lá pelas dez da noite, a vizinha mais chata de todas, uma senhora de quase 80 anos; depois de comer e beber muito e conversar com todos, agradeceu a anfitriã e se despediu. A dona da casa insistiu no “fica mais um pouco” mas a senhora disse que estava cansada e com sono e que para ela era a hora da festa terminar. Acho que minha amiga não entendeu a mensagem subliminar.
Meia hora depois da senhora ter ido embora chegou um carro de polícia para pedir que a festa terminasse porque uma vizinha havia telefonado reclamando do barulho. Não preciso nem falar quem era essa vizinha.
Estrelar
7 SepDuas ou três vezes por semana eu vou numa academia de ginástica. De tanto conviver com gays musculosos acabei ficando rata de academia, em SP, com uns vinte e seis, vinte e sete anos, por aí. Hoje em dia eu vou mais para ler a Gala em paz.
O melhor das academias de ginástica, sem dúvida nenhuma, é a variedade de pessoas que a frequentam. Na minha por exemplo, tem a Rosângela. Ela é alta, corpulenta, tem um sorrisão e fala sem parar, metade em inglês, metade em alemão. Casada com um banqueiro, ela se diverte- e ganha dinheiro- levando suíças (os) para desfilar no Carnaval no Rio, sua cidade natal. O esquema é assim: todo mundo se hospeda no apartamento da Rose mesmo, ela contrata uma empregada para cozinhar e limpar durante a temporada e assim fica tranquila passeando com os turistas pelo Rio. Outra coisa que eu sei dela é que um de seus irmãos era segurança da Xuxa.
Outro que eu adoro, eu nem sei o nome na verdade. Moço muito simpático, ele é enorme de forte. Tem a cabeça raspada e é a cara do Jimmy Somerville, o cantor do Bronski Beat e do Communards. Não sei se é por isso que eu simpatizo tanto com ele ou porque ele sempre chega numa bicicleta do exército da década de 40, ou às vezes num jipe vintage, em outras numa moto antiga e linda. Veste invariavelmente uma camisetinha justa e curta e uma calça caindo na bunda que só deixam ele mais bombado ainda. Lembra muito alguns amigos meus de SP e do Rio mas sei que é casado (com mulher) e tem um monte de filhos.
Tem também as duas suíças que comigo completam o trio das panteras. Assim como eu, elas já passaram dos quarenta, são meio fora de moda e estão lá faça chuva ou faça sol. Também assim como eu, nunca emagrecem e seus corpos parecem resistir aos exercícios. Encontro com elas há anos e nossa aparência nunca está melhor. Pelo contrário.
Agora minha nova querida do Fitness Center, além de eu nem saber o nome, nem sei quem é. Só sei que quando ela chega sinto de longe o perfume de baunilha. Ela deve ter entre vinte e trinta anos, nunca se sabe com tanta maquiagem. O rosto dela está sempre marrom de base. Ela faz exercícios usando cílios postiços. O batom é sempre rosa vivo, muito vivo. Ela tem os cabelos castanhos mas usa uma extensão loira, presa num rabo de cavalo, que chega até a cintura e balança pra cá e pra lá enquanto ela corre. Ah, ela corre na esteira com a boca aberta mascando chiclete e às vezes eu levo um susto com uma bola estourando.
Sempre pensei nela como uma russa excêntrica mas outro dia ouvi ela e uma instrutora falando em italiano. Preciso descobrir quem ela é e ficar amiga. Urgente.
Zwei- oder dreimal die Woche gehe ich ins Fitness. Die vielen muskulösen Gays mit denen ich in SP rumhing, brachten mich dazu, eine regelrechte Fitness-Ratte zu werden. Ich war so um die 26, 27 Jahre alt damals. Heute gehe ich mehr ins Fitness, um in Ruhe die Gala zu lesen.
Das beste an den Fitness-Studios sind zweifellos die Leute die dort auftauchen. In meinem gibt es da beispielsweise die Rosângela. Sie ist gross gewachsen, korpulent, hat stets ein breites Lachen im Gesicht und spricht ununterbrochen, die Hälfte in Englisch, die andere Hälfte Deutsch. Sie ist mit einem Banker verheiratet und kann sich daher des Lebens erfreuen. Geld verdient sie selber aber auch und zwar damit, dass sie Schweizer an den Karneval nach Rio, ihre Geburtsstadt, führt. Das läuft dann folgendermassen ab: Alle Reisegäste werden in ihrer Wohnung in Rio untergebracht. Dann stellt sie für diese Zeit jemanden an, die für die Gäste kocht und putzt. So kann sie in aller Ruhe die Touristen durch Rio führen. Etwas anderes was ich von ihr weiss ist, dass einer ihrer Brüder einst zum Wachpersonal der Xuxa gehörte.
Von einem anderen Mitglied kenne ich zwar nicht den Namen, aber dennoch gefällt er mir. Ein sehr sympathischer junger Mann. Sehr gross und kräftig gebaut, mit einer Glatze und einem Gesicht wie Jimmy Somerville, der Sänger der Bronski Beat und der Communards. Vielleicht mag ich ihn desshalb. Vielleicht ist es aber auch, weil er immer mit einem alten Militärvelo aus den 40ern, einem Jeep (Typ Klassiker) oder auf einem schönen antiken Motorrad ins Training kommt. Er trägt stets ein enges und kurzes T-Shirt sowie eine hinten nach unten fallende Hose, wodurch er nur noch muskulöser erscheint. Das erinnert mich stark an einige meiner Freunde von SP und Rio, weiss aber, dass dieser hier mit einer Frau verheiratet ist und etliche Kinder hat.
Dann gibt es da auch noch die zwei Schweizerinnen, welche mit mir das Trio der Panther komplettieren. Sie sind wie ich auch schon über 40, etwas ausser Mode und trainieren täglich, egal ob es nun regnet oder die Sonne scheint. Genau wie ich nehmen sie nie ab, auch ihre Körper scheinen den Übungen zu trotzen. Wir sind schon seit Jahren zusammen da und doch hat sich an unserem Äusserem nichts verbessert. Im Gegenteil.
Nun noch meine neuste Lieblingsperson des Fitness Center. Allerdings weiss ich gar nicht, wie sie heisst, noch wer sie genau ist. Einzig ihren Geruch erkenne ich schon von weitem: Vanille-Parfüm. Sie wird wohl so zwischen zwanzig und dreissig Jahre alt sein, mit derart viel Make-up ist das schwer zu beurteilen. Das Gesicht besitzt stets einen braunen Basis-Teint. Die Übungen macht sie mit falschen Wimpern. Die Lippen sind immer mit einem lebendigen hellen rosa angestrichen. Ihre Haare sind braun mit blonden Verlängerungen. Bei den Übungen balanciert das zu einem Rossschwanz zusammengebundene Haar bis zur Hüfte runter. Ach ja, sie rennt auf einem Laufband mit offenem Mund, ständig einen Kaugummi kauend. Ab und zu erschrecke ich, wenn sie eine Blase platzen lässt.
Ich dachte, sie könnte eine exzentrische Russin sein, doch vor ein paar Tagen hörte ich, wie sie mit einer Instruktorin Italienisch sprach. Ich muss noch herausfinden, wer sie ist und Freundschaft schliessen. Schnellstens.
Der? Die? Das?
6 SepComo num joguinho de criança, às vezes a gente avança duas casas e às vezes a gente tem que voltar ao início. Eu moro na Suíça há oito anos. Poderia falar alemão super bem mas não falo. Nos primeiros anos aqui quase não pude estudar. Eu tinha um bebê, que depois virou uma criança pequena, para cuidar. Minha filha é alérgica e tem asma, nada demais, igual a milhões de crianças no mundo todo. Mas isso na prática, significa, tosse, muita tosse, vômitos, falta de ar, urticárias pela pele, nariz sempre pingando, noite e noites sem dormir, idas frequentes à emergência de hospitais.
Tirando um curto período de uns três meses em que pude contar com a ajuda da avó paterna e mais uns outros quatro meses que arrumei uma babysitter brasileira, sempre cuidamos sozinhos da nossa filha. Não por opção mas sim pela falta de opção. Ser estrangeiro com filhos pequenos na Europa pode ser um perrengue total. A avó e a babysitter ajudaram durante uns sete meses, apenas enquanto eu fazia um curso básico de alemão; se não, não dava nem para comprar o antialérgico na farmacinha da esquina.
Sempre exausta por não dormir direito à noite, acabei largando o alemão. Mudei de cidade, esperei minha filha crescer um pouco e entrei de novo num curso. Fiz praticamente inteiro, uns três anos estudando à noite duas vezes por semana. Nesses cursos noturnos, conheci todo tipo de imigrante, até o não imigrante: mulheres do mundo todo cujos maridos vieram para a Suíça por causa do emprego ($$$). Esses maridos, invariavelmente físicos ou engenheiros, geralmente trabalhavam em empresas gigantes e ganhavam muitíssimo bem. Não falavam uma palavra de alemão porque nessas multinacionais a língua oficial é o inglês. Então as mulheres estudavam para poder resolver as coisas práticas da vida no estrangeiro. Todas faziam questão de falar perfeitamente o alemão para não serem confundidas com os imigrantes. Ou seja, queriam mostrar com a língua o status de “rica” porque quem fala mal são os “pobres”.
Não deixa de ser verdade. Diferente das bonitonas, o imigrante trabalha e trabalha muito. Se ele veio para cá, não foi por causa de um salário milionário numa multinacional mas sim porque não tinha um salário. Ele também veio pensando que aqui os filhos podem ter uma chance muito melhor do que a que ele (não) teve em seus país de origem onde quase todo mundo está ferrado. Eles não têm culpa de não falar direito nem a própria língua; por eles, eles falariam bem, trabalhariam por um bom salário, comeriam bem, viveriam bem. Não é o que todo mundo quer?
Muitos estrangeiros que moram no Brasil falam super mal português mas poucas pessoas se preocupam com isso. O chef Claude Troisgois que apresenta um programa de gastronomia na TV, comete erros enormes de português. Quem se importa? Ninguém porque faz parte dele esse sotaque com todos os erros, faz parte dele ser um francês que trabalha no Brasil. Ele não precisa fingir que é um brasileiro para morar e trabalhar no Brasil. O legal dos estrangeiros no Brasil é que eles misturam a cultura de suas origens, inclusive a língua, com o que eles gostam da cultura brasileira. Ou como diria o próprio Troisgrois, fazem uma mélange danada.
Mas aqui é diferente, falar perfeitamente a língua é um símbolo de status. É a distinção entre o rico e o pobre, o imigrante e o não imigrante. O tal do “integrado” e o “não integrado” que até agora não entendi direito o que quer dizer. Porque integração na Europa, para muitos, significa você deixar de ser como é e quem sempre foi para se transformar numa cópia de quem você não é.
Na Alemanha, um dos temas preferidos de piadas é o sotaque dos imigrantes turcos. Aqui, as piadas são com o sotaque e o jeito de falar dos imigrantes da ex-Ioguslávia. Vamos comparar: como no Brasil a escravidão e a imigração européia já eram, quem faz o trabalho pesado nas capitais do sudeste é tradicionalmente o nordestino pobre que estudou muito pouco porque tinha que se virar desde cedo. Imagine se o sotaque do nordestino fosse sempre o centro de piadas… Não teria graça nenhuma, seria idiota na verdade.
Agora, dois anos depois de nunca mais pegar num livro em alemão, resolvi voltar para um curso. Andei duas casas pra trás no joguinho. Não porque eu quero falar perfeito o alemão e ser considerada uma “mulher de (alta) classe”. Apesar de ficar irritada quando me tratam feito criança por não falar a língua perfeitamente, estou me lixando se acham que sou burra, pobre, puta, homem, mulher, travesti, cachorro ou sei lá o quê.
Eu quero mesmo é entender todos os filmes e ler todos os livros de autores alemães que eu gosto mas principalmente, entender tudinho das piadas da Anke Engelke. Taí uma comediante que consegue fazer piada de estrangeiro/ imigrante com muita graça e leveza; e quase sempre, tirando sarro do preconceito dos próprios alemães.
Encantada
2 SepA cada quatro ou cinco meses eu visito o Hector, um venezuelano que mora aqui há muito tempo trabalhando como cabelereiro. Adoro ouvir todos aqueles “pero”, pero que tal, pero tampoco, além dele ser muito competente. Por muita sorte, com 42 anos, ainda não tenho cabelo branco. Os poucos que aparecem eu arranco com a ajuda de uma pinça. São feios, parecem pelo de gato, são mais lisos e grossos que todo o resto, não combinam com nada, muito menos com minhas roupas que são os mesmos modelos que eu já usava há 10 anos. Mas cortar, ainda tenho que cortar. E tratar de vez em quando. Então lá fui fazer minha visita semestral ao “hairstylist”.
Eu estava sentada esperando o creme fazer efeito quando o homem entrou. Tinha uns cinquenta anos, vestia uma camisa xadres enfiada para dentro da calça de veludo marrom e um mocassim. Usava uma aliança de casamento bem grossa daquelas que só as mulheres conservadoras fazem os noivos comprarem. Ele era quase careca mas pela intimidade com ela parecia que estava sempre por lá.
Ela era uma graça. Um pouco baixinha, corpo todo curvilíneo evidenciado pela camiseta rosinha e a calça jeans preta justíssima. O rosto era super maquiado com destaque para os olhos-gatinha bem delineados. Deve ter uns vinte e oito anos mas parecia uns dezoito com aquele rabo de cabelo bem no alto da cabeça.
Enquanto ela lavava e aparava o que restava de cabelo no homem, os dois pareciam esquecer que existiam outras pessoas em volta, talvez até esquecessem que existia uma outra vida. A lavagem já foi uma coisa. Quase apoiando os peitos nas costas do homem, ela massageava a cabeça do cliente com gosto. Ele parecia anestesiado, estava prester a derreter, escorrer e sumir pelo ralo do salão.
Ela cortava os poucos fios dele com muita delicadeza. Fosse eu passava aquela máquina 3 em dez segundos. Ela não, a delicadeza era tanta que a moça demorou dez minutos para aparar a careca. Eles conversavam sobre as férias, lugares lindos que eles já visitaram e provavelmente imaginavam como seria incrível se fizessem as mesmas viagens acompanhados; um pelo outro, é claro. Ela sorria, ele sorria. O rosto de ambos estava avermelhado.
Como não tinha mais como prolongar, o serviço foi concluído. Ele pagou, ela foi buscar a jaqueta dele e o ajudou a colocar com muito carinho. Sempre sorrindo, sempre vermelhos. Dava vontade de gritar “beija, beija, beija” mas me contive. Ele subiu as escadas e sumiu pela rua. Ela respirou fundo e foi atender um novo cliente. Sem nem um sorrisinho no rosto.
Verzaubert
Alle vier oder fünf Monate mache ich einen Besuch bei Hector. Er stammt aus Venezuela, lebt und arbeitet aber schon Jahre hier als Coiffeur. Ich liebe es, dieses “pero, pero que tal, pero tampoco” zu hören, ganz abgesehen davon ist er äusserst kompetent. Zum Glück habe ich trotz meiner 42 Jahre noch keine weissen Haare. Die wenigen, die ab und zu erscheinen, reisse ich aus. Sie sind so hässlich, sehen aus wie Katzenhaare, dicker und gerader als alle andern. Sie passen einfach nicht zum Rest, schon gar nicht mit meinem Kleiderstil, den ich seit sicher 10 Jahren nicht mehr gewechselt habe. Doch die Haare muss ich ab und zu schneiden, ebenso brauchen sie ab und zu eine Behandlung. Da ging ich also zu meinem Semesterbesuch zum “Hairstylisten”.
Ich sass schon und wartete, dass die aufgetragene Creme seine Wirkung entfaltet, als ein Mann eintrat. Er war so um die 50 Jahre alt, trug ein schachartig gemustertes Hemd, das er in den samtartigen braunen Hosen versteckte und Mokassins. Am Ringfinger trug er einen dicken Ehering, einen von der Sorte, die sich nur konservative Frauen für ihren Verlobten wünschen. Er war nahezu kahl, aber auf Grund der Vertrautheit mit den Angestellten schien er häufiger hier zu sein.
Sie war bezaubernd. Eher klein gewachsen, zeigte ihr Körper ausgeprägte weibliche Rundungen unter dem rosa T-Shirt und den eng anliegenden schwarzen Jeans. Das Gesicht trug viel Make-up und die Katzenaugen waren gut markiert. Sie war wohl etwa 28 Jahre alt, sah aber mit ihrem hoch am Kopf angesetzten Rossschwanz etwa wie 18 Jahre aus.
Während sie seine wenigen Haare wusch und kämmte, schienen sie zu vergessen, dass es noch andere Leute im Geschäft hatte, vielleicht sogar, dass es noch ein anderes Leben gab. Das Waschen war schon eine Sache für sich. Es sah aus, als würde sie ihre Brüste auf seinem Rücken abstützen, als sie mit Freude seinen Kopf massierte. Sie schien taub zu sein, zu schmelzen und wie Wasser durch das Abflussloch dem Salon zu entfliehen.
Sie schnitt die wenigen Haare mit äusserster Vorsicht. Ich an ihrer Stelle hätte ich mit einer Schneidemaschine die Angelegenheit in drei Sekunden erledigt. Doch nicht sie, mit äusserstem Feingefühl ging die junge Frau ans Werk. So dauerte das Trimmen der Glatze gute zehn Minuten. Sie sprachen über die Ferien, schöne Orte die sie schon besucht hatten und stellten sich dabei vielleicht sogar vor, wie es wäre, würden sie einmal zusammen an einen solchen Ort reisen. Sie lachte, er lächelte. Die Gesichter der beiden wurden rot.
Irgendwann aber kam der Zeitpunkt, an dem keine Verlängerung mehr möglich war. Der Service war zu Ende. Er zahlte, sie holte seine Jacke und half ihm zärtlich beim Anziehen. Das Lächeln verschwand nie, ich hatte Lust zu rufen: “Küssen, küssen, küssen”, doch ich beherrschte mich. Er stieg die Treppe hoch und verschwand in den Strassen. Sie atmete tief durch und ging zum nächsten Kunden. Doch nun war das Lächeln auf ihrem Gesicht verschwunden.