A felicidade está no primeiro dia de férias
15 AugVida na Suíça:
O dia mais feliz do ano, onde eu moro, geralmente é no fim de junho (pode ser também no início de julho), sexta-feira à tarde, primeiras horas das férias de verão. Tem uma festa grande na cidade que dura de sexta à tarde até domingo no fim do dia. Barracas com comidas variadas, algodão doce e maçã do amor, num palco pequeno uma banda se esganiça, num outro um monte de velhinhos fazem coro em músicas tradicionais. Tem um parque de diversões comandado por ciganos com carrossel, tiro ao alvo e dois brinquedos desses que sobem, giram, metem medo e todo mundo grita. E tem o Bruno, um senhor com uma moto vintage espetacular. Bruno fica no cantinho dos carros antigos. Qualquer um pode pagar para dar uma volta. Tem ônibus antigo, jeep de guerra, conversíveis vermelhinhos com estofado creme cheiroso. A renda vai para uma instituição onde crianças com deficiências variadas vivem e estudam, a mesma que monta o stand onde tentamos acertar a cara do Pato Donald com bolas de meia. Bruno tem aquele anexo acoplado na moto onde cabem duas pessoas. Eles nos leva, eu e minha filha, pelo caminho mais longo porque sabe que é esse que a gente gosta. O vento bate suave no rosto. Fazendas, riachos, plantações esculpindo os morros com girassóis. A paisagem fica toda embaralhada na velocidade do olhar, num monte de verde e ar fresco,. É possível fechar os olhos, marcar a memória e sentir a felicidade que só o primeiro dia de férias é capaz de oferecer.
Essa felicidade é tão efêmera quanto pode ser e logo vêm aqueles dias em que o sol some cedinho e as noites, longuíssimas, nos lembram que quem manda é a realidade.
Castelo de Sigmaringen
15 MarEu tinha 13 anos quando o governo de Vichy se instalou no castelo. Morávamos num anexo reservado para empregados, no caso meu pai era professor dos príncipes. Coisas estranhas aconteciam na cidade enquanto a vida cotidiana continuava mais ou menos normal. Eu descia o morro de trenó até a escola. Foi assim que dei de cara com umas pessoas que nunca havia visto na vida. Eles usavam roupas esquisitas e tinham a pele queimada de sol. Andavam carregando armas e bodes cheios de sinos pendurados. Um dia me deram uma pá e falaram: “vá, abra as valas com força e ânimo”. Eu joguei a pá na floresta e fui brincar. Dias depois os aviões chegaram, voavam baixinho para burlar os radares, iam leves quase encostando no chão. De repente começava aquela rajada de balas alcançando qualquer ser vivo que se movesse. Aí eu descobri a razão das valas, era para lá que corríamos, nos deitávamos e esperávamos que não houvesse mais nenhum barulho do motor dos aviões. Fora isso, a vida corria normalmente. Até o dia que levei o maior susto de minha vida com os negros armados carregando facões entre os dentes. Estávamos todos no bunker do castelo, um túnel aberto nas rochas. De repente eles entraram! Nunca tinha visto um negro na vida e nem sabia que eles existiam. Todos tinham facões enormes. Diziam que cortariam nossas cabeças. Eu os olhava maravilhado, gente com outra cara tão diferente como personagem de um livro. Eram os senegaleses. Não só não cortaram nossas cabeças como foram gentis conosco. Nunca me esqueço da cara deles. Altos. Bonitos.
Vitra Haus + Vitra Museum
23 JulVitra Haus e Vitra Museum ficam a cinco minutos de carro de Basel, em Weil am Rhein, na Alemanha.
Abre diariamente das 10h00 às 18h00. AVitra Haus (dos arquitetos suíços Herzog & de Meuron) é de graça, a entrada para o museu de design (do Frank Gehry) custa 8 euros por pessoa.
Das Vitra Haus und das Vitra Museum befinden sich fünf Autominuten von Basel entfernt in Weil am Rhein (D).
Es ist täglich geöffnet von 10-18h. Das Vitra Haus (der schweizer Architekten Herzog & de Meuron) ist gratis, der Eintritt ins Museum (von Frank Gehry) kostet für Erwachsene 8 Euro.
Vitra Haus
23 JulVitra Haus e Vitra Museum ficam a cinco minutos de carro de Basel, em Weil am Rhein, na Alemanha.
Abre diariamente das 10h00 às 18h00. A Vitra Haus (dos arquitetos suíços Herzog & de Meuron) é de graça, a entrada para o museu de design (do Frank Gehry) custa 8 euros por pessoa.
Das Vitra Haus und das Vitra Museum befinden sich fünf Autominuten von Basel entfernt in Weil am Rhein (D).
Es ist täglich geöffnet von 10-18h. Das Vitra Haus (der schweizer Architekten Herzog & de Meuron) ist gratis, der Eintritt ins Museum (von Frank Gehry) kostet für Erwachsene 8 Euro.
Felicita: o casamento calabrês
24 AprCada dia mais os italianos me fascinam. Não os chiques que desfilam super bem vestidos com seus mocassins sem meias pelos centros das cidades. Esses também, até porque são uma incógnita: como conseguem tempo com tanto tempo se arrumando? O salário vai todo em roupa? Qual o tamanho do armário dessas pessoas?
Na minha última viagem pela Italia perdi uns dez minutos observando um homem de uns cinquenta e poucos anos, impecável, ajeitando a pashmina e ao mesmo tempo besuntando os lábios com Labello enquanto o vagão de metrô sacudia. Ele parecia se preparar para a entrada triunfal, sabe-se lá onde. Modelo nos bastidores.
Se os franceses sabem viver bem, o que dizer dos italianos? De norte a sul, seja o pavão chiquérrimo que desfila nos centros urbanos, seja o camponês do sul, italiano gosta de viver.
Domingo fui num aperitivo de casamento. O casamento mesmo, no civil, tinha sido um dia antes. Ali ninguém usava mocassim sem meias nem passava Labello nos lábios. Gente do sul, de uma pequena cidade da Calábria. A noiva vem de uma família de imigrantes que veio fazer a vida aqui e fez muito bem. Ela estava linda. Vestido longo roxo de princesa, cabelos encaracolados, também de princesa, unhas decoradas e um sorriso enorme no rosto. O noivo idem, feliz, vestido de príncipe. As mulheres, algumas provavelmente muito mais bonitas sem o quilo de base no rosto, tinham os cabelos em cascata. Os estrasses coloridos tilintavam. Os homens afrouxavam os colarinhos sem parar, riam, confraternizavam.
Na Suíça quando te convidam para um “apero” de casamento quer dizer que vai ter uma mesinha com alguma coisa pra comer, um prosecco, um vinhozinho, em algum lugar, geralmente numa sala alugada ou na casa de alguém. Nesse casamento não. Alugaram uma sala enorme que pode servir de teatro. A mesa de comida era formada por várias mesas unidas e percorria o salão todo. Uma infinidade de azeitonas, salames, presuntos e todo tipo de carne da região. Queijos. Pães. Um monte de bebida além dos garrafões de vinho tinto. Um cheiro de amêndoas por todas as muitas bandejas de docinhos, cada uma com uns três tipos de doces diferentes, um melhor que o outro. Dois bolos. No topo do maior, os bonequinhos representando o casal.
Os amigos e parentes vieram em peso, de carro, lá do sul, sei lá quantas horas de viagem. Os pais da noiva decoraram o salão, arrumaram as mesas, deixaram tudo perfeito para os convidados. Foi tudo literalmente handmade, sem a mamata dos brasileiros (e outros) ricos e seus trocentos empregados. Cada parente veio da Italia trazendo alguma coisa no carro. Até o mágico, para entreter as crianças, muitas, já que a noiva é dona de uma escolinha, veio de lá. Todo mundo comeu, se divertiu, aproveitou.
Mas a cereja do bolo estava guardada para o final. Finalzinho de festa, eis que o noivo sobe no palco. Um, dois , três, som… som… som… “deve fazer um discurso, agradecer os convidados, falar sobre o amor etc etc etc”… Microfone em mãos e ele começa… a cantar! À italiana. Vozeirão. Cantou três músicas. Quando achei que a surpresa não poderia ser melhor, eis que sobe a noiva no palco. Microfone na mão, o casal arrasa nos duetos de música italiana. Gestos largos, olhos fechadinhos, interpretação total.
A mãe do noivo não segurou. Debulhou em lágrimas em vários momentos do show. E eu tive que me segurar para não fazer o mesmo.
Se os italianos não sabem viver, nem imagino quem pode saber!
* assim que o casal liberar, coloco aqui o show do casamento
Freude: Die Kalabrische Hochzeit
Je länger je mehr faszinieren mich die Italiener. Nicht Klisches wie, “sie desfilieren stets elegant gekleidet durch die Stadtzentren” oder “sie tragen Mokassin ohne Socken”. Das auch, nur schon wegen den damit verbundenen Geheimnissen: Woher nehmen sie die Zeit, sich stets gut zu kleiden? Und, investieren sie ihre ganzen Einkünfte in Kleider? Wie gross mag wohl der Kleiderschrank dieser Menschen sein?
Bei meiner letzten Reise nach Italien verlor ich etwa 10 Minuten, indem ich einen etwas über 50Jahre alten Mann beobachtete. Er war tadellos zurecht gemacht, dennoch richtete er den Schal neu und strich gleichzeitig reichlich Labello auf seine Lippen, das alles, während die Metro die Fahrgäste hin und her schüttelte. Er schien sich für einen triunphalen Auftritt vorzubereiten, wer weiss wo. Backstage Modell.
Wenn es schon die Franzosen verstehen gut zu leben, was sollen dann erst die Italiener sagen? Vom Norden bis zum Süden, vom schicken Reichen der Grossstadt, der durch die Strassen flaniert bis hin zum einfachen Landmenschen des Südens, Italiener lieben es zu leben.
Am Sonntag war ich zu einem Hochzeitsapéro eingeladen. Das Hochzeitsfest selbst fand Tags zuvor statt. Dort trug niemand Mokassin ohne Socken, auch strich sich niemand Labello auf die Lippen. Es waren Leute aus dem Süden, aus einer kleinen Stadt in Kalabrien. Die Braut kommt aus einer Immigrantenfamilie, die hierher zog, um sich ein neues Leben aufzubauen. Sie haben es geschafft und zwar auf beeindruckende Art und Weise! Die Braut war wunderschön. Sie trug ein langes violettes Kleid vom Typ Prinzessin, die Haare waren gelockt, ebenfalls wie die einer Prinzessin, die Nägel dekoriert und im Gesicht trug sie ein strahlendes Lachen. Der Bräutigam ebenso, glücklich strahlend und gekleidet wie ein Prinz. Die italienischen Frauen, einige stark geschminkt, trug die Haare ebenfalls in schönen Locken zur Schau oder färbten zumindest einige Strähnen. Die Männer lockerten die Krägen, lachten und umarmten sich.
Wird man in der Schweiz zu einem Apéro eingeladen, so bedeutet das in der Regel, dass es bei jemandem zu Hause irgendwo auf einem kleinen Tischchen etwas zu essen gibt und dazu etwas Prosecco oder Wein serviert wird. Nicht so bei diesem Apéro. Es wurde ein grosser Saal gemietet, so gross, dass er leicht auch für ein Theater Platz bieten würde. Der Tisch mit dem Essen wurde gebildet aus mehreren zusammengestellten Tischen, die aneinandergereiht den ganzen Saal durchliefen. Den Gästen wurde eine Vielzahl an Oliven, Salamis und Schinken aus der italienischen Heimat angeboten, dazu Brote und Käse sowie diverse Getränke, darunter natürlich auch mehrere Flaschen kalabrischer Rotwein. Ein feiner Dunft von Mandeln lag über den Platten mit Süssigkeiten, jede mit mindestens drei verschiedene Sorten an Süssigkeiten, eine besser als die andere. Ganz unten zwei Torten, auf der grösseren waren zwei Figürchen, das Brautpaar symbolisierend.
Die Verwandten und Freunde kamen schwer beladen mit dem Auto aus dem Süden angereist, wer weiss, wie viele Stunden sie unterwegs waren. Die Brauteltern präparierten und dekorierten den Saal, richteten den Raum vorzüglich für die geladenen Gäste. Es war alles wortwörtlich handmade, ganz ohne das Verwöhnte eines reichen Brasilianers (oder auch anderen) mit ihrem Tross an Angestellten. Jedes Familienmitglied brachte etwas mit aus Italien. Sogar der Zauber und Clown für die vielen anwesenden Kinder (die Braut führt eine Kinderkrippe) kamem aus Italien. Alle verpflegten sich ausgiebig, vergnügten sich und hatten viel Spass.
Doch die Krönung wurde bis zum Schluss aufgespart. Am Ende des Festes stiegt der Bräutigam auf die Bühne. “Eins, zwei, drei, Test… Test… Test…” Er wird wohl eine Ansprache halten, sich bei den Gästen bedanken, über die Liebe reden etc. etc. Das Mikrophon in der Hand und er fing an … zu singen! Auf Italienisch. Mit wunderbarer Stimme sang er drei Lieder. Als ich dachte, die Überraschung hätte nicht grösser sein können bestieg auch noch die Braut die Bühne. Mit dem Mikrophon in der Hand begeisterte das Brautpaar die Zuhörer mit einem Duett auf Italienisch. Mit grossen Gesten, geschlossenen Augen, Interpretation total.
Die Mutter der Braut liess ihren Gefühlen freien Lauf. Dicke Tränen liefen ihr mehrmals während der Show über die Backen und ich musste mich beherrschen um nicht gleiches zu tun.
Wenn die Italiener nicht wissen wie man lebt, dann kann ich mir nicht vorstellen, wer es denn wissen könnte!
Estrangeiro
27 MarA vizinha morreu. Antes do Natal começou a passar mal. Com mais de noventa anos, todo mundo sabia que quando ela tivesse uma doença séria, dificilmente escaparia. Pegou uma pneumonia no inverno. Ficou dias no hospital e menos de um mês sendo cuidada feito bebê numa casa para idosos, voltou para o hospital e o coração fraquinho não aguentou. Morreu.
De abril a outubro era só sair na rua para encontrar a Senhora. Cuidava com paixão do jardim. As roseiras, enormes, eram seus xodós. Parar para conversar com a Senhora significava tempo. À vezes muito tempo. A Senhora desandava a falar e não parava mais. Nos últimos tempos, reclamava da saúde. Estava difícil para respirar, as pernas doíam, o coração palpitava de um jeito estranho. Mesmo assim ela ainda plantava, regava, colhia, ía e voltava do supermercado carregando as compras sozinha. Não tinha filhos, nem netos. Amava mais que tudo, talvez bem mais que o jardim, a menina portuguesa que passava as tardes no jardim lhe fazendo companhia.
A Senhora adorava as crianças da vizinhança. Falava com todas com carinho, perguntava sobre a escola, o que elas gostavam de fazer, do que elas brincavam. Oferecia flores às mães. Difícil passar pela casa da Senhora sem levar umas tulipas, um buquezinho sei lá do quê, umas rosas enormes cor de rosa.
Hoje passando pela casa da Senhora senti um aperto no peito. Doeu olhar aquele jardim florescendo e não ver a Senhora sorridente com suas costas curvadas e seus vestidinhos elegantes, já bastante puídos, exibindo com orgulho as primeiras flores da primavera. Mas mais ainda, doeu pensar que não estou perto da minha avó enquanto ainda lhe resta um pouco de memória não engolida pelo Alzheimer. Sabe se lá quanto tempo ainda ela tem com lucidez.
Olhar o jardim sem a Senhora foi também a contestação de que eu não estava perto do meu pai quando o carro dele deu perda total. Nem quando ele teve um derrame. Nem quando ficou dias no hospital e quase morreu. Também não estava perto quando minha mãe começou a envelhecer. Não estava perto quando nasceu a filha da amiga, nem quando a filha da outra amiga ficou doente, nem quando os melhores amigos de tantos anos precisaram. E também não estava perto quando os outros comemoraram qualquer coisa. Não dividi nenhuma alegria, não abracei, não fiquei junto a não ser por alguns dias do ano.
Morar fora deve ser assim para quase todo mundo e por isso que no fundo, todo mundo um dia sonha em voltar a terra natal. Não conheço um brasileiro que não sonhe com o dia em que possa morar metade do ano Brasil, de preferência no inverno europeu; e metade do ano na Europa.
Por mais que se forme uma nova família, novos amigos; deixa-se uma vida e todo mundo que fazia parte dela, para trás. As lembranças começam a se parecer com um filme, às vezes tudo muito nítido, às vezes muito embaçado. Assim como a vida no presente. Mais fácil chorar pela Senhora do que pela avó. Por que daí ficaria difícil demais.
A Senhora das rosas *
Die Nachbarin ist gestorben. Vor den Weihnachten ging es ihr schlecht. Sie war über 90 Jahre alt und alle wussten, dass es schwierig werden würde bei der nächsten schwereren Krankheit. Sie hatte eine Lungenentzündung im Winter und lag für Tage im Spital. Danach war sie über längere Zeit in einem Altersheim auf fremde Hilfe angewiesen, kehrte wieder zurück ins Spital und dann versagte ihr schwach gewordenes Herz. Sie starb.
Von April bis hin zum Oktober musste man nur auf die Strasse und schon traf man die Senhora. Mit Liebe pflegte sie ihren Garten. Die grossen prächtigen Rosensträucher waren ihr Stolz. Am Haus der Senhora anzuhalten bedeutete, dass man Zeit übrig haben musste. Manchmal viel Zeit sogar. Die Senhora begann das Gespräch und hörte nicht mehr auf zu reden. In der letzten Zeit klagte sie des öfter über Schmerzen und Krankheiten. Es fiel ihr immer schwerer zu atmen, die Beine schmerzten, das Herz klopfte ab und zu seltsam. Dennoch pflanzte sie rege, wässerte fleissig und pfückte, sie ging auch noch in die Läden und trug die Einkäufe alleine nach Hause. Sie hatte weder Enkel noch Kinder. Mehr als alles aber liebte sie, wohl mehr als ihren Garten, ein portugiesisches Mädchen. Lange wohnte es im oberen Stock des Hauses und später, als es weggezogen war, kam sie öfters an den Nachmittagen vorbei und leistete der Senhora im Garten Gesellschaft.
Die Senhora liebte die Kinder in der Nachbarschaft. Sie sprach mit allen liebevoll, fragte nach wie es ging in der Schule, was sie gerne machten, was sie so spielten. Sie schenkte den Müttern gerne Blumen. Es war schon fast schwierig am Haus der Senhora vorbei zu gehen ohne danach nicht irgend welche Tulpen, ein kleines Sträusschen oder ein paar riesige rosarote Rosen mit nach Hause zu tragen.
Heute ging ich am Haus der Senhora vorbei und fühlte sogleich einen Schmerz in der Brust. Es tat weh diesen blühenden Garten zu sehnen ohne nicht auch darin die freundlich lachende, elegant gekleidete und mit gekrümmten Rücken gehende Senhora zu sehen. Sicher hätte sie gerne und mit Stolz ihre ersten Frühlingsblumen gezeigt. Mehr noch aber schmerzte der Gedanken, weit weg von meiner Grossmutter zu sein, mindestens solange ihr die Alzheimer-Krankheit noch eine guten Teil des Gedächtnis lässt. Wer weiss, wie lange sie noch einigermassen klar im Kopf ist.
Den Garten ohne die Senhora zu sehen erinnerte mich auch daran, dass ich nicht in der Nähe meines Vaters sein konnte, als er einen schweren Autounfall hatte. Auch nicht, als er später einen Hirnschlag hatte. Auch nicht danach, als er für Tage im Spital lag und fast gestorben wäre. Ich war auch nicht bei meiner Mutter, als diese anfing ins Alter zu kommen. Ich war nicht in der Nähe, als meine Freundin ihr Kind bekam oder das Kind einer anderen Freundin krank wurde, auch nicht, als beste und jahrelange Freunde jemanden brauchten. Ich war auch nicht in der Nähe, als andere irgend etwas feierten. Ich teilte keine Freuden mit ihnen, umarmte niemanden, war nicht einmal mit ihnen ein paar Tage im Jahr zusammen.
Leben fern der Heimat wird wohl für alle etwa so sein und darum möchte wohl auch jeder irgendwann in seinen Träumen wieder zurück nach Hause. Ich kenne keinen Brasilianer, der nicht davon träumt später einmal das halbe Jahr in Brasilien zu leben, vorzugsweise im europäischen Winter und die andere Hälfte des Jahres hier in Europa zu verbringen.
Auch wenn man eine neue Familie gründet, neue Freundschaften schliesst, man lässt ein anderes Leben zurück und damit alle die, die daran teil nahmen. Die Erinnerungen gleichen einem Film, manchmal klar und deutlich, manchmal verschwommen. So wie das Leben in der Gegenwart. Es ist einfacher wegen der Senhora zu weinen, als wegen der Grossmutter, sonst würde es wohl zu schwierig werden.
(*Wir nannten die alte Dame stets: “a Senhora das rosas”. Senhora kann mit Dame übersetzt werden, im Wort “Dame” findet sich aber nicht der Respekt, der im Wort “Senhora” steckt und damit den älteren Menschen gegenüber entgegen gebracht wird.)