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A marcha dos contentes

17 Oct

Ta saindo filho? Leva um casaquinho que agora já ta frio. Ah! Leva também o cacete caso algum grego  te aporrinhe. Nunca se sabe!

Em quase todas as reportagens sobre os protestos ocorridos em mais de oitenta países, no final de semana, aparece um jovem – ele pode ser americano, espanhol, alemão ou de qualquer outro lugar – falando uma variação da mesma coisa : se tanta gente é contra alguma coisa e só alguns decidem os rumos de todos, isso então não é democracia.

Será ?

Um conhecido meu, suíço, músico, casado com uma funcionária da Anistia Internacional dizia alguns anos atrás que nunca que a Suíça proibiria a construção de minaretes, nunca que o partido de extrema-direita seria tão poderoso, entre outros “nunca”  porque ele vivia em um mundinho onde todo mundo era artista, jovem e ainda cheio de ideais. E eu dizia que nunca que ele estava certo.

Nas democracias é o povo que escolhe os governos. Aí é que mora o problema. Quando a gente vive em um certo meio, começamos a achar que todo mundo é assim porque a gente é assim. Mas não é.  Aqui por exemplo. Boa parte do povo vota nos partidos de extrema-direita porque eles odeiam estrangeiro, odeiam muçulmanos, odeiam ciganos, são super machistas e reacionários. Mas se você não convive com essas pessoas, que sao pessoas normais com as quais todo mundo cruza o dia inteiro; e só convive com seu grupinho de amigos com quem divide afinidades, acaba achando que essas pessoas, a grande maioria, nem existe.

Aqui na Suíça, país onde as instituições financeiras quase que se confudem com o próprio governo, as manifestações foram muito tímidas. Um grupo de umas mil pessoas se postou diante da sede do UBS em Zurique ontem à tarde. Em comparação com outros países, a Alemanha também teve protestos modestos. A maioria dos manifestantes era jovem ou muito jovem. Como sempre quem chamou mais a atenção e saiu em todos os jornais foi uma mulher pelada com dizeres contra o capitalismo pintados pelo corpo.

O negócio pegou fogo mesmo foi na Italia e na Espanha, países com altos índices de desemprego e muito afetados pela crise. Aliás a cobertura jornalística deu grande destaque a “baderna”  italiana porque para muito gente, italiano só sabe mesmo fazer bagunça. Assim como os gregos e os espanhóis, todos uns folgados. Muita gente acha que se a Espanha e a Grécia estão em crise é porque são países de gente mole, preguiçosa. E os trabalhadores esforçados alemães têm que sustentar esses párias.

O problema é que nem adianta mais ser contra o governo ou o capitalismo. Quem faz o sistema financeiro funcionar como funciona são as pessoas por aí. O povo. Converso com gente que mal sabe dos protestos ocorridos no final de semana. Mas se você perguntar sobre o caso do velejador alemão desaparecido numa ilha do Pacífico todo mundo arregala os olhos e passa a te contar todos os detalhes. A imprensa popular deu muito mais destaque a essa história que aos protestos.  E ao invés de escreverem que ele pode ter sido morto por um psicopata, preferiram escrever que ele foi comido por um canibal. Como se na ilha onde ele desapareceu todo mundo comesse gente.

Desse jeito, podem protestar mil vezes que absolutamente nada vai mudar. Periga é piorar. A marcha dos não indignados acontece todo dia, aos montes.

Gehst Du aus mein Sohn? Nimm eine Jacke mit, es ist schon kalt. Ah! Nimm auch gleich den Knüppel mit, für den Fall, dass dich ein Grieche belästigt. Man weiss nie!

In fast allen Berichten, wo über die anhaltenden Proteste gegen das Finanzsystem in über 80 Ländern berichtet wird, erscheint ein junger Mann – könnte ein Amerikaner, Spanier, Deutscher oder aus irgend einem andern Land sein – mit in etwa immer der gleichen Aussage: Wenn doch so viele Leute gegen irgend etwas sind, nur ein paar wenige aber die Richtung aller bestimmen, so ist das keine Demokratie.

Ist da was dran?

Ein Bekannter von mir, ein Schweizer, Musiker, verheiratet mit einer Mitarbeiterin von Amnesty International, sagte mir vor ein paar Jahren mal unter anderem, dass die Schweiz nie den Bau von Minaretten verbieten wird und dass hier eine politisch ganz rechts liegende Partei nie mächtig werden wird. Dieses “nie” kam unter anderem, da er in seiner eigenen Welt lebt, einer Welt in der es fast nur Musiker gibt, jung dazu und noch voller Ideale. Ich sagte nie, er habe Recht.

In einer Demokratie wählt das Volk die Regierung. Un da liegt das Problem. Lebt man in einem bestimmten Umfeld, beginnt man mit der Zeit zu denken, dass alle so sind, wie die Leute in diesem Umfeld. So ist es aber nicht. Ein Beispiel von hier: Ein beträchtlicher Anteil der Bevölkerung wählt ganz rechts. Ganz einfach darum, weil sie keine Ausländer mögen, keine Muslime oder Zigeuner hier haben wollen und sehr machistisch und reaktionär denken. Hat man im täglichen Leben keinen näheren Kontakt mit solchen Leuten, die im Übrigen ganz normal sind, sondern lebt nur im Umfeld seiner Freunde, mit denen man Gemeinsamkeiten teilt, kommt man zum Schluss, dass der Rest, die grosse Mehrheit eigentlich, gar nicht existiert.

Hier in der Schweiz, wo die Finanzinstitute sich schon fast für die Regierung halten, fielen die Proteste sehr verhalten aus. Eine Gruppe von etwa 1000 Personen postierte sich am vergangenen Wochenende vor dem Hauptsitz der UBS in Zürich. Im Vergleich zu andern Ländern waren auch die Proteste in Deutschland zaghaft. Die grosse Mehrheit der Protestierenden war jung bis sehr jung. Wie immer machte eine nackte Frau die grössten Schlagzeilen und erschien mit ihren am ganzen Körper aufgemalten Sprüchen gegen den Kapitalismus in allen Zeitungen.

Wirklich grosse Proteste gab es in Italien und Spanien, zwei von der Krise stark betroffene Ländern mit hoher Arbeitslosenrate. Ausserdem legten die Berichterstattungen grossen Wert auf die italienische “Aufregung”. Für viele Leute können die Italiener ja gar nicht anders, sie müssen dauernd ein Durcheinander veranstalten. Aber eigentlich sind sie in deren Augen, wie auch die Griechen und Spanier, nur zu faul, um zu Arbeiten. Viele Leute glauben, dass Griechenland nur darum in einer Krise steckt, weil dort die Leute zu wenig hart zu sich selber sind und die Arbeit scheuen. Und die hart arbeitenden Deutschen müssen dann diese Ausgestossenen durchfüttern.

Das Problem ist, dass es gar nichts mehr nützt, gegen eine Regierung oder den Kapitalismus zu sein. Diejenigen die dieses Finanzsystem am Laufen halten, das sind die Leute selbst, das Volk. Ich spreche mit den Leuten und stelle fest, dass sie kaum etwas wissen über die laufenden Proteste. Kommt man aber auf den Fall des verschollenen deutschen Seglers irgendwo auf einer Pazifikinsel, so wissen alle Bescheid, jedes Detail kennen sie. Die Boulevardzeitungen schenkten dieser Geschichte wesentlich grössere Aufmerksamkeit als den Protesten. Und anstatt zu schreiben, dass er höchstwahrscheinlich durch einen Psychopaten ermordet wurde, bevorzugen sie die Aussage, dass er von Kannibalen aufgefressen wurde. Als ob die Menschen auf der Insel, auf der er verschollen blieb, alles Menschenfresser wären.

Darum kann man noch 1000 Mal protestieren und es wird sich nichts ändern. Gefahr sieht anders aus. Der Marsch der “Nichtempörten” geht in Massen täglich weiter.