Vida na Suíça
Oito horas de uma manhã como todas as outras: gelada. No ônibus que leva à estação de trem, ao hospital e ao centro da cidade, uma moça de uns vinte anos conversa pelo microfone do iPhone. As unhas postiças enormes e de pontas finas como pinças seguram o microfoninho bem perto da boca lambuzada de gloss mas mesmo assim ela fala alto. Usa um tom de base mais escuro do que a pele, que se quebra ao redor do nariz empinado.
Ao seu lado um homem de mais de oitenta anos enche os olhos d’água e balança a cabeça discretamente de um lado para o outro. Sua mulher oferece um lenço e segura em sua mão. Ele limpa as lágrimas e se constrange porque percebe que eu olhei.
No destino final, o casal desce com dificuldade, ela o ajuda. A moça desce junto, sacode o cabelo, ri alto com os lábios melecando o microfone e sai em disparada.
Ela para um lado, eles para outro.
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