Quando a gente era livre e o mundo era feliz

26 May

SP já foi uma cidade muito menos violenta. Quando criança eu lembro que a grande referência de criminalidade urbana que a gente tinha era Bogotá, na Colômbia. Era tipo “aqui tem assalto mas nada comparável à Colombia”. Pois é. O tempo passou.

Eu ía para a escola de ônibus municipal. Pegava o ônibus elétrico na rua Augusta, às seis e meia da manhã para chegar na escola, perto da rua Iguatemi, antes das sete. Tranquilíssimo.

Mais tarde, já universitária, frequentava bem mais a noite de SP do que a universidade. Eu vivia em bares e clubs. Nunca fui uma “clubber” mas quase… Eu andava quilômetros à pé pelos Jardins e Pinheiros (bairros de SP) de bar em bar, de club em club, de casa de amigo em casa de amigo. A vida era uma festa mesmo! Mas ninguém era deslumbrado ou fútil. Todo mundo queria se divertir e aproveitar cada momento da juventude, simples assim.

Um pouquinho mais velha, no começo dos anos 90, eu acabei sendo repórter de uma revista de música. Olhando pra trás acho que foi uma das épocas mais legais da minha vida. Os “companheiros” de trabalho eram ótimos. Tinha quase que só homem na redação e a maioria era muito legal, muito talentosos. Aprendi muito com eles.

Nessa época eu conheci um monte de músicos. Como repórter eu viajava bastante. Teve uma época que fui jurada de um concurso de novas bandas e rodei pelo Brasil todo nesses festivais. Era muito legal. Qual jovem não queria um trabalho desses?!?

Um dia, fazendo uma reportagem sobre eles mesmos, que já eram mais ou menos famosos (era a época maravilhosamente musical do Mangue Beat!)  acabei amiga de um pessoal de uma banda de Recife, mais precisamente de Jaboatão de Guararapes. Era o Mundo Livre S/A.

Quando eles tocavam em SP, costumavam se hospedar no meu apartamento. Toda noite tinha show ou festa no ap! Hoje, escutando a música deles, lembrei como a gente era jovem e feliz com tão pouco!

Ninguém ligava pra roupa, pra carro, pra restaurantes, pra nenhum luxo, nem mesmo luxinhos. Dinheiro era pra guardar pra poder viajar e só. Pra ser feliz, bastava música boa, cerveja, conversa animada e cada um podendo fazer o que mais gostava: escrever, tocar, cantar, fotografar, falar, viajar…

Nunca mais tive contato com os “meninos” do Mundo Livre. Às vezes vejo o Otto, que era o percussionista da banda (e o galã também), em algum programa de TV já que ele fez carreira solo e ficou relativamente famoso.

Mundo Livre S/A:

Otto:

Als wir noch frei waren, war die Welt voller Glück

SP war einst eine wesentlich weniger gewalttätige Stadt. Als ich noch ein Kind war, sprach man über Bogota (Hauptstadt Kolumbiens), wenn die Rede von städtischer Kriminalität war. Es gibt hier sehr wohl auch Überfälle, aber nichts ist vergleichbar mit Kolumbien, dachten wir damals. Ja, die Zeiten ändern sich.

In die Schule ging ich mit dem städtischen Bus. Ich nahm früh morgens um 6.30h den Trolleybus “Cidade Universitaria” oder den “Pinheiros” auf der Strasse Augusta, um rechtzeitig um sieben Uhr in der Schule an der Iguatemi-Strasse anzukommen. Sehr ruhig.

Später, als ich schon zur Uni ging, verbrachte ich wohl mehr Zeit im Nachleben von SP als an der Universität. Ich lebte in Clubs und Bars. Ich wurde zwar nicht zum “Clubber”, aber fast … Ich durchquerte ganze Quartiere zu Fuss, von Bar zu Bar, von Club zu Club, vom Haus eines Freundes zum Haus eines anderen. Das Leben war ein einziges Fest, wirklich! Trotz all dem war niemand eingebildet oder gar ein Nichtsnutz! Alle wollten einfach Spass haben und den Moment der Jugend geniessen, so einfach war es.

Einige Zeit danach, Anfang der 90’ziger Jahre, war aus mir eine Musikreporterin geworden. Rückblickend finde ich diese Zeit bei der Musikzeitschrift eine der interessanten Abschnitte meines Lebens. Meine Arbeitskollegen waren einzigartig. Es gab praktisch nur Männer auf der Redaktion und die grosse Mehrheit davon war toll und hatten Talent. Ich habe viel von ihnen gelernt.

Zu dieser Zeit kannte ich etliche Musiker. Als Reporterin reiste ich viel. Eine Zeit lang war ich auch in einem Wahlgremium eines Musikfestivals für Jungmusiker und reiste quer durch Brasilien, von einem Festival zum anderen. Das war super. Welch junger Mensch würde nicht auch eine solche Arbeit lieben?!?

Eines Tages machte ich eine Reportage über die damals schon recht bekannte Band “Mundo Livre S/A” und freundete mich danach mit dieser Band aus Recife (genauer aus Jaboatao de Guararapes) an. Immer wenn sie in SP spielten, wurde meine Wohnung auch ihr Zuhause. Jede Nacht hatte sie irgendwo eine Show oder wir machten ein Fest in meiner Wohnung! Jedes Mal wenn ich heute ihre Musik höre, erinnere ich mich, wie wenig wir brauchten in dieser Zeit, um glücklich zu sein!

Niemandem waren Kleider oder Autos wichtig, niemand wollte in Restaurants essen oder gab viel auf Luxus. Geld sparten wir, um reisen zu können. Um glücklich zu sein reichte gute Musik, Bier und eine animierte Konversation. Jeder konnte tun, wonach es ihm war: schreiben, musizieren, singen fotografieren, diskutieren, reisen …

Nie hatte ich mehr Kontakt mit den Jungs von “Mundo Livre”. Manchmal sehe ich Otto, den Schlagzeuger der Band, in irgend einer TV-Show. Er machte später eine Solo-Karriere und wurde recht berühmt.

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